CATEQUESE COM SANTO AFONSO
A ESPIRITUALIDADE REDENTORISTA: A ENCARNAÇÃO

Queridos confrades,
Amada família redentorista.

Fráter Raul Alberti Damasceno, C.Ss.R. 

    Daremos inicio através deste artigo à uma série de breves artigos que nos ensinarão a viver melhor a nossa espiritualidade. Essa iniciativa do Secretariado Geral e do Setor de Espiritualidade Redentorista busca trazer os aspectos mais íntimos da congregação por meio de uma linguagem simplificada e direta e não necessariamente  trazer a história da Congregação Redentorista, nem mesmo a história de Santo Afonso e dos santos, que podem ser acessados de maneira prática e fácil nas mídias sociais. No final dos breves artigos, traremos dois textos para meditação que ajudarão a compreender melhor a espiritualidade redentorista nos dias de hoje e partes destes textos tem contribuições de vários autores, que serão citados nas referências.


    Fato é que a espiritualidade redentorista é muitíssimo rica e foi se aperfeiçoando neste quase 300 anos de família religiosa. Os redentoristas, como carisma próprio trazem dentro de si o desejo ardente pelo anúncio da Copiosa Redenção  que se dá em quatro pilares herdadas da própria espiritualidade de Afonso de Ligório: 
1. o Presépio, ou seja, a encarnação. 
2. a Cruz, ou seja, a entrega, a paixão, a redenção. 
3. os sacramentos, ou seja, o auxílio sempre presente de Deus. 
4. a Virgem Maria, nosso perpétuo socorro, que para nós é o verdadeiro modelo de perfeição cristã. 


    Hoje, como proposta meditaremos a encarnação. Santo Afonso foi um grande amante da pessoa de Jesus Cristo. Tomado pelo seu amor, nosso pai fundador sempre quis estar muito próximo de Jesus do berço à redenção. 


    Afonso de Ligório escreve em sua música "Tu Scendi Dalle Stelle" - em portugês: Tu desces das estrelas, a mais tradicional canção natalina da Itália, o seguinte: 

"Gozando lá no Céu toda a ventura
Tu sofres nestas palhas tanta agrura
Doce Eleito do meu peito, onde vais no Teu amor?"

     Aqui, Afonso nos mostra uma verdade de fé: Jesus Cristo quis se entregar, descer dos céus e sofrer das mesmas necessidades e desafios que cada um de nós sofre. Deus que quer estar próximo do ser humano, sofre por amor. Quem mais é capaz de sofrer por amor por uma humanidade inteira? É um grande mistério, só Jesus é assim, seu amor não tem limites: "onde vais no Teu amor?". 


    Afonso nos ensina que é chegado o momento de salvação, chegou verdadeiramente a hora em que Deus vai cumprir de modo radical sua aliança. E vai continuar nos ensinando que o amor é a motivação mais tocante e radical de Deus em seu amor em favor de suas criaturas. Afonso insiste que Deus nos ama e quer nos salvar. Essa sua crença veio da própria experiência espiritual de Afonso, que, em sua juventude, sofreu escrupulosidades e jansenismo e teve medo de Deus, e só depois ele descobriu um “Deus enlouquecido de amor pela humanidade”Um Deus de Copiosa Redenção.


    A encarnação, segundo Afonso, não fala de justiça, mas que Cristo se encarnou para pagar por nossos pecados que estava na moda espiritual de seu tempo. Para Afonso a encarnação fala de amor concreto. Jesus se encarnou para nos ensinar que Deus Pai nos ama e quer nos salvar. “Deus nos amou primeiro”.


    Santo Afonso descreveu em um poema clássico em sua obra "Novena de Natal", um diálogo entre a Santíssima Trindade, neste trecho destacado: o Filho e o Pai, no qual se ler o seguinte: 

“Apesar de tudo que fizemos, Pai, para ganhar o amor do homem e da mulher, eles ainda não reconhecem nosso amor a eles. Mas podemos os obrigar a nos amar se eu, Seu Filho, para redimir a humanidade, fosse para a Terra e assumisse a carne humana, e oferecesse a toda humanidade o dom da salvação, doando minha vida para eles, na Eucaristia e na Cruz”.

 E o Pai, comovido com esse ato supremo do amor, sentiu-se obrigado a dizer ao seu Filho:

“Mas, filho, se for lá, eles vão crucificar você”!

E o filho, em resposta, disse:

“Mesmo assim, Pai, eu vou – tenho que mostrar-lhes Seu coração amoroso e salvador”. E o verbo de Deus se fez carne”. (Filipenses 2, 6-11).

    Para Afonso, a contemplação da encarnação não deve frisar as circunstâncias físicas nem as circunstâncias emocionais duma criança bonitinha no presépio, mas, sim, devemos contemplar o amor de Deus a nós, concretamente nesse ato de Seu Filho.

    O CRIADOR DESCEU E TORNOU-SE UMA CRIATURA. Aniquilou todo sinal de sua Divindade por amor ao Pai e a nós. Não um cenário bonito de nossos presépios, mas a doação total dum Deus que desceu e se fez um de nós, na pobreza radical, para nos salvar cumprindo a vontade louca de seu e nosso Pai.

    Também Afonso não considerou a Encarnação como se fosse uma entidade em si. Já na Encarnação, Afonso contemplou a sombra da cruz. A Encarnação foi o começo de sua trajetória para Calvário e sua glorificação na ressurreição. Um mistério de amor desembocou no outro. 

TEXTOS PARA MEDITAÇÃO

  • Filipenses 2, 5-11 
    (ver na Bíblia)
  • Constituição 71 - Congregação Redentorista: 
    “A exemplo de Cristo, que veio para fazer a vontade do Pai e dar a vida para a redenção de muitos, os Redentoristas, pelo voto de obediência, dedicam a Deus sua própria vontade e se obrigam à submissão da vontade aos legítimos superiores, quando ordenam alguma coisa de acordo com as Constituições e Estatutos”. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Padre Lourenço Kearns, C.Ss.R. - artigo para A12.com